Historia
de Porto Amazonas PR
Povoamento
e fundao
A rea que compreende o atual
municpio de Porto Amazonas fazia parte da Fazenda dos Papagaios, de propriedade
de Manuel Gonalves da Cruz, em Sesmaria por ele obtida em 24 de maro de 1708.
Seu registro deu-se em 19 de abril do mesmo ano, no livro de Registro de
Sesmarias, s folhas 187, em Santos.
A totalidade das terras pertencentes ao municpio atual, estavam
abrangidas pela Fazenda dos Papagaios, cuja sede localizava-se no atual capo do
Alegrete.
Aps a obteno da sesmaria, o senhor Manuel j explorava as fazendas,
onde se instalara com sua famlia, Dona Joana Rodrigues Frana, tendo vrios
filhos, dos quais apenas a Dona Antnia da Cruz Frana sobreviveu at a idade de
55 anos.
O senhor Manuel faleceu por volta de 1719, tendo a senhora Joana
contrado novas npcias alguns anos mais tarde com Manuel Mendes Pereira, tendo
este falecido poucos anos mais tarde (1724).
Dona Joana voltou a casar com o Dr. Antonio dos Santos Soares, natural
de Lisboa, formado em leis pela Universidade de Coimbra, como nos conta Jos
Carlos Veiga Lopes em seu "Antecedentes Histricos de Porto Amazonas". Ocupou o
cargo de juiz em Santos e posteriormente ao vagar o cargo de ouvidor em
Paranagu foi promovido a Ouvidor Geral e Corregedor dessa Comarca.
O Dr. Antonio era quem cuidava das terras da esposa e de sua enteada. A
rea de propores considerveis, fora dividida em quatro fazendas: Papagaios,
Cancela, Butuquara e Porcos de Cima, alm de vrios currais. Como a Fazenda dos
Papagaios era muito grande, o curral do Caiacanga servia para atender o gado que
havia por ali.
Em 1765 a Capitnia de So Paulo foi restaurada (havia sido extinta em
1748), e o o senhor D. Luis Antonio Botelho de Souza Mouro nomeado seu
governador. Como havia ameaa de invaso das terras garantidas aos portugueses
pelo Tratado de Madri, mandou a Curitiba seu primo Afonso Botelho de Sampaio e
Souza para organizar expedies para reconhecimento e explorao da regio
oeste, sendo utilizados canoas para a navegao nos rios da regio, e com o
estabelecimento de portos de apoio s expedies.
"Assim, para as expedies do Tibagi era o Porto de So Bento. Para os
de Guarapuava era nos Carrapatos e para as do Iguau era no Porto de
Nossa Senhora da
Conceio de Caiacanga".
Este porto estava localizado margem direita do
Rio Iguau em um local abaixo da ltima cachoeira, provavelmente no local do
atual Porto Amazonas.
2- Cel. Amazonas de Arajo Marcondes
Amazonas de Arajo Marcondes
nasceu em Palmas - Paran, filho de Francisco Incio de Arajo Pimpo e de
Dona Maria Josefa de Frana.
Quando tinha a idade de 33 anos mudou-se para Unio da Vitria, onde
casou-se com sua primeira esposa, Dona Guilhermina de Loyola, no tendo
filhos neste casamento. Casou-se pela segunda vez com Dona Jlia De
Malheiros, com a qual teve 9 filhos.
Como nos conta Jos Carlos Veiga Lopes, em seu Antecedentes
Histricos de Porto Amazonas, o Cel. "Desejando ardentemente promover, com a
mxima rapidez, a execuo de um grande melhoramento material para a sua
Provncia, sem onerar os tos debilitados cofres pblicos, requereu ao
Imperador a graa de conceder-lhe o privilgio da navegao a vapor no Rio
Iguau e seus tributrios".
Pelo Decreto Imperial no. 7248 de 19 de abril de 1879 foi concedido
a Amazonas de Arajo Marcondes o privilgio para estabelecer por si ou por
meio de companhia uma linha de navegao, desde o porto denominado Caiacanga
at o Porto da Unio.
Apenas trs anos depois, a 27 de dezembro de 1882, a primeira viagem
com o vapor Cruzeiro (sua primeira embarcao) ocorreu, tendo a viagem
durado dois dias e meio at o porto de destino. Ele no fora o primeiro a
obter a concesso (outros j haviam obtido anteriormente), mas o nico a
efetivamente concretizar a navegao do Rio Iguau. Depois disto, j com
outras embarcaes de sua propriedade prosseguiu na consolidao de seus
sonhos, tendo ao longo de sua vida propiciado o surgimento de inmeras
cidades paranaenses s margens do Rio Iguau.
Residindo em Unio da Vitria, promoveu a vinda de famlias de
europeus residentes em Santa Catarina para Porto Amazonas, iniciando a
formao do municpio, com muitos dos descendentes destas famlias ainda
residindo aqui.
Foi prefeito de Unio da
Vitria, por 04 mandatos, entre outras atribuies na vida poltica da
cidade e da regio. Faleceu aos 77 anos, no cargo de Prefeito Municipal
daquela cidade, sendo ento substitudo pelo Sr. Leopoldo de Castilhos. |
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<
Cel. Amazonas de
Arajo Marcondes
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3- Emancipao Poltica
A emancipao poltica de Porto Amazonas ocorreu em 10 de outubro de
1947, atravs da Lei no. 02, tendo sido elevado categoria de municpio
autnomo, desmebrado de Palmeira.
Em 09 de novembro do mesmo ano instalou-se o municpio, ocasio em
que foi empossado o primeiro Prefeito interino, o Senhor Jos de Souza
Valente, nomeado por Decreto em 24 de novembro de 1947.
As primeiras eleies ocorreram alguns dias depois, sendo eleito por
voto direto o Senhor Joo Baptista Bettega, como o primeiro Prefeito do
Municpio de Porto Amazonas.
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< A foto mostra a sede da Prefeitura
Municipal na atualidade, tendo sido construda no perodo de agosto de 1985
a setembro de 1986, em formato de vapor, homenageando a atividade que deu
origem ao municpio.
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4- A Navegao
Aps o perodo de 1768 a 1772, quando ocorreram as expedies de
explorao e reconhecimento das terras paranaenses (ento Capitnia de So
Paulo) a navegao ficou praticamente abandonada. Segundo Jos Carlos Veiga
Lopes, dois fatos viriam a alterar este quadro.
O primeiro referia-se a transferncia do Registro do Rio Iguau para
o Rio Negro, atravs da Lei Provincial de 24 de maro de 1835, que
autorizava o Presidente a designar as barreiras; com isto animais podiam
cruzar em qualquer lugar, o que levou abertura de uma estrada entre
Palmeira e a Lapa.
O segundo foi a descoberta dos campos de Palmas, utilizado pelos
criadores desde 1839; "Como o gado precisava de sal, este era levado por
canoas, at Porto Unio da Vitria, de dois pontos, um na atual cidade de
Rio Negro e outro de um porto na barra do Rio Areia (ou das Areias),
atualmente divisa entre os municpios de Palmeira e Porto Amazonas",
transporte este utilizado cerca de 50 anos.
Os produtos transportados pelas canoas eram querosene, tecidos,
bebidas, alimentos, quinquilharias e traziam erva mate, couros, crina,
madeira e charque.
As canoas eram construdas em imbuia, com um metro de boca e 10
metros de comprimento e uma capacidade de carga, usando como medida uma saca
de 50 litros de sal, de 60 sacas que equivaliam carga de uma tropa de 30
animais.
Pela Lei Provincial no. 40 de 23 de maro de 1844 autorizou-se a
liberao de verba para a construo de ponte no Rio Iguau, no lugar
denominado Porto das Laranjeiras (Porto Amazonas), que foi concluda em
1852.
Em 1866 os engenheiros Jos e Francisco Keller (pai e filho) foram
encarregados de fazer uma explorao no Rio Iguau, para verificar sua
navegabilidade.
Em 03 de abril de 1871 a mesa da Assemblia Legislativa Provincial
do Paran dirigiu ao Presidente da Provncia Decreto concedendo ao
Tenente-Coronel Manuel de Oliveira Franco o privilgio de fazer navegao a
vapor de reboque nos Rios Iguau, Vrzea e Negro, por um perodo de 50 anos.
Apesar da negativa inicial, a concesso foi aprovada em 17 de abril do mesmo
ano.
Posteriormente, a pedido do senhor George Rivington, agente da
Companhia Kitto, foi concedido o privilgio por igual perodo, para navegar
nos Rios Iguau e Barig e o direito exclusivo por dez anos de construir,
custear e usufruir, um canal para estabelecer navegao a vapor entre
Curitiba e o Rio Iguau, atravs da Lei no. 464 de 15 de abril de 1876
assinada pelo Presidente da Provncia, o Senhor Lamenha Lins.
Quando a Colnia Kitto fracassou, esta concesso tambm ficou
parada.
O brigadeiro Jos Correia de Bittencourt foi o prximo a requerer
tal concesso, tendo sido aprovada em 25 de maio de 1878, por um perodo de
50 anos. Esta concesso aparentemente no foi sancionada.
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< A foto mostra o Vapor Sara, em foto de 1928,
rebocando as lanchas "Dolores"e "Roseira", carregadas de erva mate, de
propriedade da empresa Leo Junior & Cia. de Curitiba).
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Estrada de Ferro
Em 05 de janeiro de 1889, pelo Decreto no. 10.152, poucos meses
antes da Proclamao da Repblica, foi concedida "Compagnie Gnrale de
Chemins de Fer Brsiliens", que construra a ferrovia entre Curitiba e
Paranagu, privilgio para a construo, uso e gozo do prolongamento da
respectiva via frrea at o Porto Amazonas, no Rio Iguau, com um ramal que,
ando por Lapa, se dirigiria para o Rio Negro. Com o advento da Repblica
houve a necessidade de um novo pedido, atendido pelo Decreto no. 907 de 18
de outubro de 1890, assinado pelo Generalssimo Manoel Deodoro da Fonseca,
Chefe do Governo Provisrio da Repblica, concedendo quela "Compagnie",
privilgio "...para a construo, uso e gozo do prolongamento da respectiva
via frrea, do Porto Amazonas, no Rio Iguau, at Ponta Grossa, ando por
Palmeira, e a entroncar na estrada de ferro de Itarar a Santa Maria da Boca
do Monte" (conf. Antecedentes Histricos de Porto Amazonas - Jos Carlos
Veiga Lopes).
O trajeto da estrada ficou assim constitudo: "saindo de Curitiba
seguia at a estao da Serrinha (atual Engenheiro Bley), de onde havia um
entroncamento para a Lapa, continuava sempre pelo lado da margem direita do
Rio Iguau, no beirando o mesmo. cruzava o Rio dos Papagaios e ia
Restinga Seca e atingia o Rio Iguau cerca de doze quilmetros acima do
Porto, no local chamado Porto das Laranjeiras ou Porto Laranjeira, onde hoje
esta a cidade de Porto Amazonas, que mais tarde foi denominado Estao Porto
Amazonas, em terras da Fazenda Porto de Joo Conrado Bhrer". O trecho da
Serrinha Restinga Seca foi inaugurado no dia 1o. de Novembro de 1892, e
consta a mesma data para o ramal at o Rio Iguau.
A chegada da estrada de ferro ocasionou muitas mudanas no
municpio, principalmente no que tange a populao. Houve um movimento de
emigrantes atrados para a regio, incentivados no s pelo progresso, mas
tambm pela redistribuio, por parte do Governo, das terras da antiga
Colnia Kitto.
A estrada de ferro proporcionou o progresso, aliada navegao j
consolidada e em expanso com o surgimento de um nmero cada vez maior de
vapores. As atividades permaneceram em franco crescimento, at a dcada
compreendida entre os anos de 1940 e 1950, quando a produo do sudoeste
paranaense e das cidades de Lapa, So Mateus do Sul e Unio da Vitria,
chegava a Porto Amazonas pelos vapores, sendo redespachados posteriormente
para outras regies atravs da estrada de ferro.
Com a construo da Rodovia do Xisto este panorama foi mudando,
aliado construo da Ferrovia Central do Paran, distante 8 quilmetros da
estrada existente. Finalmente, no ms de julho de 1970 o transporte
ferrovirio foi totalmente paralisado, desativando-se as instalaes da
Estao de Porto Amazonas.
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< A foto mostra chegada do trem Estao de
Porto Amazonas em 1929. |
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< Foto: ageiros
aguardando o trem, em 1935,
na Estao em Porto Amazonas)
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< Foto: Antiga
estao de Porto Amazonas.
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