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HISTORIA DE PONTA
GROSSA |
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2l431d
Nos ltimos anos, um
grupo de historiadores e gegrafos, vinculados a Universidade Estadual
de Ponta Grossa, partindo da produo de pesquisadores que, nas
dcadas de 70 e 80, dedicaram-se ao estudo de Ponta Grossa e dos
Campos Gerais, intensificaram a produo acadmica sobre a realidade
local.
O texto seguinte reflete a produo mais recente a respeito da cidade
e da regio. De modo introdutrio ele propicia uma viso geral sobre o
processo histrico de Ponta grossa. Futuramente sero disponibilizados
"links" ao longo do texto com objetivo de complementar e aprofundar as
informaes contidas no mesmo.
Prof. Ms. Carmencita
de Holleben Mello Ditzel
Prof. Ms. Niltonci Batista Chaves
A
ocupao do territrio paranaense se iniciou no litoral e pode ser
dividida em trs grandes fases: sculo XVII - ocupao do litoral e do
planalto curitibano; sculo XVIII - conclui-se a ocupao dos Campos
Gerais; sculo XIX - ocuparam-se os campos de Guarapuava e os de Palmas.
Assim, at meados deste sculo, o processo de interiorizao se conclui
constituindo o chamado Paran Tradicional.
A ocupao das terras dos Campos Gerais
se iniciou logo na primeira dcada do sculo XVIII. Local prprio para o
desenvolvimento da pecuria (tendo o seu limite sul no vale do Rio Iguau
e extremo norte demarcado pelo Rio Itarar), os Campos Gerais tornaram-se
ento agem obrigatria na rota do comrcio que levava gado e muares do
Rio Grande para o abastecimento de So Paulo e das Minas Gerais.
A necessidade de abastecimento colonial
tanto impulsionou o mercado interno brasileiro, possibilitando a gradativa
integrao das economias regionais, como favoreceu, tambm, a ocupao de
regies do interior paranaense.
A ligao inter-regional se fazia pelo
Caminho do Viamo, que compreendia trs rotas, sendo a via mais utilizada
denominada Estrada Real, ando pelos campos de Vacaria, Lages, Campos
Gerais e Itarar, chegando a Sorocaba.
O povoamento dos Campos Gerais foi
comeado em 1704, por iniciativa dos nobres potentados paulistas Jos Gois
de Morais e Pedro Taques de Almeida, secundados por outros membros da
ilustre linhagem, que no mencionado ano requereram grandes sesmarias no
territrio paranaense, abrangendo desde a margem esquerda do rio Itarar
s cabeceiras do Tibagi.
Ligadas
ao tropeirismo, ainda no sculo XVIII, pequenas povoaes comearam a
surgir ao longo do Caminho das Tropas. Nos locais em que as tropas fixavam
pouso, fazendo seus pequenos ranchos para descanso, trato e engorda do
rebanho, ou esperando ar as chuvas e baixar o nvel dos rios, logo
surgia um ou outro morador, fundando casa de comrcio, interessado em
atender s necessidades dos tropeiros. Dessa forma, pequenas freguesias e
vilas, como o Prncipe (Lapa), Palmeira, Ponta Grossa, Pira do Sul,
Castro e Jaguariava, tiveram seu desenvolvimento inicial dependente das
fazendas e do movimento das tropas.
Foi
ao longo do sculo XIX que as vilas adquiriram uma conformao urbana,
deixando de ser um complemento da vida rural. Tornaram-se centro de
resolues de questes polticas e plo de atrao de populaes,
inclusive das fazendas. Diversificaram-se ali as atividades econmicas,
conferindo-se-lhes uma dinmica prpria. Essa realidade emergente
propiciou um novo ordenamento do convvio, com a instaurao da Justia e
a elaborao de Cdigos de Posturas, regulando o cotidiano do cidado.
Sendo assim, as ltimas dcadas do sculo XIX foram marcadas pela
contraposio entre a consolidao dos ncleos urbanos e a retrao da
economia rural nos Campos Gerais. Essa economia foi quase auto-suficiente
e que oportunizou o poderio dos fazendeiros declina pouco a pouco
viabilizando o desenvolvimento das cidades.
Com a transformao do uso da
propriedade, partilhada entre o criatrio e a invernagem, com a
predominncia desta, que acompanhou a mudana do fazendeiro em
tropeiro, e com a ampliao da economia monetria que a isso se
seguiu, desenvolveu-se o comrcio contra a auto-suficincia das
fazendas, comeando o predomnio das cidades.
Nascida
sob a hegemonia das fazendas, Ponta Grossa crescia e tinha novas ambies:
um teatro (1873), uma biblioteca (1876) indicadores do novo vigor e
mentalidade arejada de seus habitantes. O ncleo urbano ponta-grossense
entrava em uma fase de expanso. A populao local em 1890 atingia a casa
dos 4.774 habitantes. No incio do sculo XX, a cidade respirava um "clima
urbano" contando com bandas musicais que disputavam espao para as
apresentaes, cinema, luz eltrica, associaes beneficentes e hospital.
Esse clima descrito por Raul Gomes na
crnica "Ponta Grossa de Hoje". As palavras do cronista retratam uma
cidade pujante, movimentada. No dizer de Gomes " noite o povo flana nas
ruas, penetra nas lojas, enche os trs cinemas, freqenta os clubs". O
cronista destaca ainda o esprito empreendedor da populao que torna a
iniciativa privada mais eficiente que a dos poderes pblicos. O
crescimento urbano traz novas necessidades cidade: calamento das ruas -
para aliviar os problemas causados pelo p e pela lama principalmente aos
estabelecimentos comerciais; os servios de gua e esgoto - compatvel com
as novas concepes de higiene e conforto; a construo de um mercado e de
um matadouro - com capacidade para atender s reais necessidades da
populao.
Os cinemas, citados por Raul Gomes, no
eram os nicos espaos de lazer e sociabilizao da sociedade
ponta-grossense. Companhias Circenses apresentavam-se com freqncia na
cidade, recebendo sempre grande pblico.
Por
sua vez, as praas tambm se constituam em um dos principais pontos de
encontro da sociedade local. A Praa Joo Pessoa, localizada diante da
Estao Ferroviria (Estao Saudade), constitua-se num local em que
muitas famlias concentravam-se, sobretudo nas noites de vero. Nesta
mesma praa a populao local reunia-se espontaneamente sempre que
autoridades ou pessoas ilustres chegavam cidade.
As
praas tambm eram locais onde se realizavam comemoraes cvicas e
celebraes religiosas. Outro costume prprio dessa poca eram as retretas
que ocorriam na Praa da Matriz ao entardecer de domingo.
A importncia da cidade provm em grande parte de sua localizao
estratgica: entroncamento rodo-ferrovirio do interior do estado ligando
as principais regies econmicas e os centros polticos.
Decisivo mesmo para a vida da
cidade-encruzilhada foi a inaugurao da estrada de ferro, em plena
revoluo federalista. Alis, o revolucionrio Gumercindo Saraiva
encontrou em Ponta Grossa um acolhimento muito cordial, pois estar nos
Campos Gerais era como estar em casa, nos pampas riograndenses,
cercado de gachos, comendo churrasco, tomando chimarro e cavalgando
pelos campos. Em 1894, os trilhos da estrada de ferro vindos de
Paranagu atingiam a cidade. Em 1899 inaugurou-se a estrada de ferro
So Paulo - Rio Grande com oficinas de manuteno em Ponta Grossa.
Esta situao de entroncamento ferrovirio fez com que Ponta Grossa
entrasse no sculo XX com o p direito. O progresso veio. Grandes
engenhos de erva-mate, beneficiamento de couro e de madeira comearam
a surgir. E olarias, pois no havia tijolo que chegasse. Veio gente de
fora atrada pela promessa de bons negcios.
Um
estudo sobre a cidade revela que "as primeiras dcadas do sculo XX
constituem uma conjuntura extremamente favorvel para a economia
ponta-grossense", o que pode ser constatado pela elevao na arrecadao
de impostos, pelas obras construdas nessa fase, quando da instalao de
vrias fbricas e estabelecimentos comerciais cujos proprietrios, em
grande maioria, eram imigrantes.
Migraes estrangeiras espontneas e
espordicas sempre ocorreram para o territrio brasileiro. O grande
movimento migratrio oficial, contudo, s se verificou na dcada de 1870,
quando para o Paran vieram em grande nmero os russos-alemes. Em
1877/1878 chegaram em Ponta Grossa, 2.381 russos-alemes que se
estabeleceram na Colnia Octvio, subdividida em 17 ncleos, afastados do
centro urbano. A partir de ento outros grupos foram chegando cidade e a
ela se integrando. Entre os de maior importncia esto os poloneses,
alemes, russos, italianos, srios, austracos e portugueses.
A presena desses imigrantes trouxe
mudanas para as regies paranaenses onde se instalaram, impulsionando,
sobretudo, as atividades industriais. Essa atitude modernizadora ocorreu
tambm em relao a outros setores como comrcio, transporte e cultura.
Tais atividades muitas vezes ocorreram em funo das dificuldades com a
atividade agrcola que os levaram a migrar para a zona urbana. A cultura
alem, na viso de muitos autores, apresenta um carter associativo, o que
incentivou a fundao de clubes e associaes em muitas cidades
paranaenses, entre elas Ponta Grossa. Nessa cidade as iniciativas para a
fundao de um clube dos alemes data de 1896.
O
crescimento econmico de Ponta Grossa levou-a a condio de plo regional
no Paran, ao longo das quatro primeiras dcadas do sculo XX, exercendo
grande influncia na sua rea de abrangncia. Ocupou a posio de segunda
cidade do Estado no que diz respeito ao contingente populacional. Em 1908
superou a casa dos 15.000 moradores. Em 1920 chegou a 20.171 pessoas e em
1940, contava com 38.417 habitantes. A posio de destaque da cidade se
confirma, tambm, pela criao do Bispado em 1926 cuja diocese compreendia
doze parquias em toda regio dos Campos Gerais.
De
acordo com o relatrio do prefeito Albary Guimares, que istrou a
cidade de 1934 a 1944, verificaram-se transformaes na cidade
evidenciadas por dados, tais como: aumento dos investimentos na rea de
educao, ampliao e construo de edifcios pblicos, melhorias nas
reas de sade com a criao da Maternidade Pblica e de cinco Postos de
Puericultura e de saneamento bsico, reforma e remodelao dos
logradouros, ampliao da rede de iluminao pblica atingindo os trs
principais bairros de Ponta Grossa (Nova Rssia, Oficinas e Uvaranas),
calamento polidrico nas principais ruas da cidade, crescimento do
patrimnio predial urbano, atingindo 6.958 construes em 1944.
O crescimento de Ponta Grossa nas
primeiras dcadas do sculo XX se inscreve num contexto nacional de
desenvolvimento econmico e urbanizao que favorece sobretudo as regies
sudeste e sul do pas. Esse desenvolvimento resulta de uma conjugao de
fatores como capital, mo-de-obra, mercado relativamente concentrado,
matria prima disponvel e barata, capacidade energtica e um sistema de
transportes ligando as zonas de produo aos portos.
Paralelamente, crise das
regies agrcolas de culturas tradicionais, as regies economicamente
com o melhor desempenho atraem contingentes populacionais
marginalizados pela manuteno da estrutura latifundiria. Se uma
parte dessa populao migra para o campo, uma outra parte sente-se
atrada pelas cidades. Entre estas aquelas que so capitais regionais
ou que representam etapas importantes de corredores de exportao so
as que mais atraem pela perspectiva de emprego que podem oferecer.
Esse quadro no tem a mesma plenitude em
toda a regio dos Campos Gerais. Algumas cidades, como Castro, ao
contrrio de Ponta Grossa, perdem importncia regional. Apesar das
diferentes condies econmicas os municpios dessa regio apresentavam um
quadro poltico semelhante nos anos 30.
A
conjuntura econmica favorvel em Ponta Grossa nos anos 20 e 30
possibilitou um discurso de enaltecimento cidade similar ao do Movimento
Paranista. Artigos do jornal Dirio dos Campos apresentam uma imagem
idealizada da cidade e projetam um futuro promissor.
Ao chegar a dcada de 1950, encontramos
uma nova realidade. O Paran buscava uma nova identidade regional devido
ao crescimento vertiginoso de sua populao, a ampliao de suas
fronteiras e o impulso econmico da lavoura cafeeira. A terra roxa e o
caf fizeram a riqueza e a importncia poltica de sua regio norte.
Nesse contexto, iniciou-se tambm para
Ponta Grossa um novo perodo histrico. A cidade, historicamente vinculada
ao tropeirismo e a economia agrria - a Ponta Grossa camponesa -, e que no
princpio do sculo XX
experimentou um momento de euforia urbano capitalista - a Ponta Grossa
princesa -, ingressou numa fase correspondente quela vivida pelo Paran.
A busca de uma nova identidade transformou-se no grande desafio para os
ponta-grossenses a partir de ento.
Origem do Nome:
Conta-se duas verses
para origem do nome. A primeira segundo Manoel Cyrillo Ferreira, fala que:
O qrande proprietrio de terras o Sargento-Mor, Miguel da Rocha Ferreira
Carvalhaes, teria determinado a seu capataz, Francisco Mulato, "que
escolhesse um ponto bem apropriado para nova morada de sua Fazenda".
Francisco Mulato, percorrendo os campos da regio, teria escolhido local
prximo de onde hoje se encontra a Igreja de So Sebastio, antiga Chacar
Dona Magdalena, e teria dito: "Sinh bem sabe porque encostado naquele
capo que tem Ponta Grossa". Francisco Mulato estava certo local plano,
encruzilhada, "porta para o interior".
Uma segunda verso de Nestor
Victor escreve, ainda, que: A cidade atual foi edificada em terrenos de uma
fazenda que tinha esse nome (Ponta Grossa), fazenda pertencente a Miguel da
Rocha Ferreira Carvalhaes, o qual generosamente doou as terras necessrias para
semelhante fim. A estncia assim se chamava devido a um capo ao lado de seus
terrenos, o qual ainda hoje forma uma ponta grossa, porque a fazenda ainda
existe, a umas 8 lguas de Castro.
Fonte: Acervo da Casa da Memria Paran,e Prefeitura
Municipal de Ponta Grossa.
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