Historia de Planaltina de Gois
Localizado a cerca
de 20 quilmetros da cidade-satlite do mesmo nome, o municpio de
Planaltina de Gois, apesar de ser relativamente novo, tem uma histria
que se confunde com a de Braslia e inmeros problemas sociais em
conseqncia do excesso populacional e da falta de critrios na sua
ocupao. Com a mudana da capital federal do Rio de Janeiro para Gois,
parte do municpio goiano de Planaltina, que j existia h 100 anos, ficou
fora do quadriltero estabelecido para o Distrito Federal.
Para essa parte, foi estabelecido o
prazo de um ano para o assentamento de uma nova sede que funcionou,
provisoriamente, perto da lagoa formosa, ando depois para So Gabriel
de Gois. O primeiro prefeito desse novo municpio foi Francisco Muniz
Pignta.
Ao seu sucessor na prefeitura, Eloi
Pinto de Arajo, mineiro de Dores do Indai, no perodo de 1965 a 1969,
coube a iniciativa de efetivar o assentamento da nova sede do municpio.
O local escolhido foi a Fazenda
Braslia, de propriedade de Joaquim Gonalves, conhecido por Joaquim
Mineiro. Naquela rea, identificada hoje por uma pedra fundamental,
iniciou-se a construo do frum do municpio, em 1967, que recebeu o nome
de Planaltina de Gois, resultado de um plebiscito realizado no mesmo ano.
O seu incio apresentou inmeras
semelhanas com a prpria construo da capital federal, entre elas, o
desbravamento do cerrado capitaneado por um mineiro; os barracos de
madeira que, a princpio, abrigaram os primeiros habitantes e os
principais rgos pblicos municipais.
Por essas e outras coincidncias, o
municpio recebeu o apelido de "Brasilinha". "Esto construindo uma
Brasilinha", diziam, conforme lembra o advogado Dirceu Ferreira Arajo,
mineiro, detentor de um importante acervo de fotografias e documentos
histricos e com o conhecimento de causa de quem mora na regio desde
1955, sem contar o fato de que filho do prefeito a quem coube o
assentamento do municpio. Mas as coincidncias com Braslia no param por
. A cidade tambm tinha um planejamento de urbanizao, com a rea a ser
ocupada previamente definida, de forma a facilitar a implantao dos
servios pblicos bsicos.
Essa rea previa a ocupao, nos
prximos 50 anos, de 22 mil lotes que abrigariam cinco pessoas, em mdia,
o que significaria uma populao de cerca de 110 mil habitantes em 2017.
Em menos de 30 anos, a populao j atingiu os 80 mil habitantes, de
acordo com estimativas locais, que questionam os dados do censo de 1991,
indicando uma populao de apenas 42 mil habitantes.
Um fator que tambm contribuiu para o
agravamento dos problemas sociais, foi a expanso do permetro urbano, que
nesse mesmo perodo aumentou cerca de seis vezes. "Permitiu-se a criao
de conjuntos perifricos sem ocupar as reas planejadas inicialmente,
constantes do plano diretor da nova sede, para atender a interesses que
fugiam ao planejamento
Original, revela Dirceu D H Rosa, o
Ded, pequeno comerciante no loteamento Braslinha 17, testemunha sobre o
abandono dessas comunidades perifricas. Quando solicitamos servios
emergenciais da prefeitura, para o cascalhamento das ruas principais, que
estavam intransitveis, a prefeitura alegou que no tinha leo diesel para
a mquina. A empresa de transporte coletivo local doou 400 litros de leo
e a comunidade a mesma quantidade. A mquina trabalhou um dia apenas e no
voltou mais. A, nem servio e nem leo". A parada de nibus tambm foi
construda pela comunidade. Ao longo desses anos o DF tambm contribuiu
para o aumento populacional. Com a criao de Braslia e do mito do "novo
eldorado", a corrente migratria originria de todos os pontos do pas
tomou a direo do planalto central. Em Braslia houve a preocupao de
serem ocupados, inicialmente, apenas os espaos previstos no seu
julgamento. O governo militar no permitia invases de outras reas.
Quando elas ocorriam, o excedente populacional era remetido para
Planaltina de Gois, a "Brasilinha".
Os es da cidade tiveram
sua parcela de responsabilidade com a situao ao permitirem loteamentos
"como a Vila Mutiro que fica localizada quatro quilmetros fora da rea
planejada", segundo Dirceu. "Eles acataram aquele contingente populacional
sem exigir do governo uma contrapartida de infra-estrutura bsica. Naquele
perodo, o Brasil no rec1anlava da falta de dinheiro para investimentos
pblicos.
Mas j existe uma preocupao de
investir nessas regies como forma de diminuir a presso sobre a capital.
Dirceu aponta uma frmula para istrar esses problemas, atravs de uma
istrao itinerante - descentralizao da atuao do poder
municipal, nos diversos loteamentos - "Se fosse uma cidade integrada
urbanisticamente, tudo bem. So Paulo, bem maior, mas no tem esses
espaos vazios entre um bairro e outro. impossvel urbanizar o cerrado
entre a sede do municpio e os loteamentos. Deve haver uma discusso com
as comunidades sobre as suas necessidades prioritrias, para levar-se
depois a soluo. Na questo da sade, por exemplo, leva-se o mdico, o
dentista, o assistente social, tendo-se uma radiografia social previamente
levantada de toda a situao existente, possibilitando-se at aes
preventivas, atravs de noes bsicas de higiene. A populao perifrica
tem de deixar de ser massa de manobra".
As vsperas de eleger novos
es (prefeito e vereadores), o municpio atravessa uma
situao crtica, visvel a olho-n. Possui apenas um hospital pblico, e
outro particular, que atende tambm pelo Sistema nico de Sade - SUS. O
hospital pblico s funciona durante o dia, atendendo emergncias simples
e consultas, como um posto de sade. noite ostenta uma plaqueta onde se
l. no temos mdico. Os casos mais graves so encaminhados para o
hospital particular, que trabalha acima da sua capacidade de atendimento,
sem receber cerca de 2/3 dos servios, pelo fato de ter ultraado a
cota. A outra alternativa utilizada encaminhar o paciente para a rede
hospitalar do DF. Com todos esses problemas visveis, ainda no conta com
o apoio necessrio do Governo do Estado de Gois, segundo declarao do
seu anual diretor, Vilmar Jacinto da Silva, que aposta na expectativa de
melhorar o atendimento populao daqui a dois meses. Ainda na rea de
sade, a populao convive com problemas elementares, que j poderiam ter
sido resolvidos, como o caso da rea onde depositado o lixo. Ela fica
localizada na rea urbana, prxima a um crrego que abastece algumas
propriedades rurais, como risco de ser contaminado por microorganismos que
vo se manifestar na sade das pessoas.
O Conselho de Sade, formado por 14
pessoas da comunidade, j impetrou at uma ao
Civil pblica, na justia, exigindo a
mudana do local do depsito. E mais grave ainda: existe um nmero
expressivo de pessoas que "catam" diariamente o lixo depositado, inclusive
crianas, expondo sua sade a inmeros riscos, conforme revela a
assistente social a secretria do Conselho de Sade, Guimaci Pessoa
Brando. "Chegamos at a doar luvas para essas pessoas, para evitar um mal
maior. Pedro Alves de S, ou Pedro Catraca, como mais conhecido,
mudou-se de Planaltina-DF para Planaltina de Gois e tem um pequeno
comrcio no Setor Norte, numa larga avenida que o prprio retrato do
abandono. larga avenida que o prprio retrato do abandono. A capoeira
e os buracos tomaram de conta", diz. Perguntado sobre o nome daquela
avenida, ele responde destilando o seu bom-humor nordestino: "Rua do
mato".
Soluo pela Unio
Edson Dutra Barreto, o Edinho,
apostou numa soluo simples para conseguir alguns servios pblicos e as
facilidades necessrias para quem produz alimentos no campo. Fundou e
presidiu, at h pouco tempo, a Associao dos Produtores Rurais So
Francisco de Assis, entidade que congrega, hoje, cerca de 100 associados.
Unidos, os produtores rurais reivindicaram e conseguiram dos governos do
estado de Gois e do Distrito Federal, em pouco mais de dois mil anos de
existncia da associao, sementes insumos, eletrificao rural e o reparo
das estradas. Edinho acha que a populao rural tem de sentir-se segura no
campo. Para isso, fundamental que os beneficio s pblicos bsicos como
escolas, assistncia mdica e lazer cheguem at a zona rural.
O poder pblico tem que incentivar a
criao de agroindstrias ou a instalao de empresas que criem mais
empregos, inclusive na rea urbana. S assim a cidade sair da dependncia
do DF e perder o estigma de cidade-dormitrio". A organizao dessas
comunidades em associaes seria um o importante para tornar mais
forte as suas reivindicaes. E a populao est disposta a contribuir par
o seu bem-estar.
Fonte: Jornal local - Sada Norte (
ano 01, o4 - jun./ago./96).
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